Por que o real se desvaloriza em relação ao dólar?
Entenda os principais fatores por trás da desvalorização da nossa moeda — e por que isso afeta o seu dia a dia.
6/24/20255 min read


Por que o real perde valor frente ao dólar?
Você já deve ter se deparado com manchetes como "o dólar disparou" ou notado que uma viagem internacional ou um produto importado estão mais caros do que o habitual. Essas situações são reflexos diretos da desvalorização do real frente ao dólar, um fenômeno complexo que afeta profundamente a economia brasileira e o dia a dia de cada cidadão. Mas, afinal, por que o real perde valor e quais são as forças por trás dessa dinâmica monetária?
A cotação do dólar não é apenas um número em um noticiário financeiro; ela atua como um verdadeiro termômetro da confiança na economia brasileira. Quando o real se desvaloriza, não é por acaso. Esse movimento é o resultado de uma interação de fatores internos e externos que impactam a percepção de risco e a atratividade do Brasil para investidores globais. Entender esses mecanismos é o primeiro passo para compreender como a economia funciona e como as decisões tomadas por governos e bancos centrais reverberam no seu bolso.
Os pilares da desvalorização: Fatores-chave em jogo
A força de uma moeda reflete a saúde econômica de um país e a confiança que investidores têm em seu futuro. No caso do real, diversos elementos podem contribuir para sua perda de valor em relação ao dólar. Vamos explorar os principais:
1. Inflação elevada: O inimigo silencioso do poder de compra
A inflação alta é, sem dúvida, um dos principais motores da desvalorização cambial. Quando os preços dos bens e serviços sobem descontroladamente dentro do Brasil, o poder de compra do real diminui significativamente no mercado interno. Essa corrosão do poder de compra torna a moeda menos atraente para investidores estrangeiros. Eles buscam alocar seus recursos em ativos que preservem ou aumentem seu valor, e uma moeda que perde poder aquisitivo rapidamente não se encaixa nesse perfil. Consequentemente, esses investidores tendem a buscar refúgio em moedas mais estáveis e fortes, como o dólar, o que aumenta a demanda pela moeda americana e pressiona o real para baixo.
Imagine que você tem uma certa quantia de reais hoje. Se a inflação está alta, com a mesma quantia de dinheiro, você compra menos coisas amanhã. Essa lógica se estende ao mercado internacional: se o real compra menos bens e serviços no Brasil, ele se torna menos valioso em relação a moedas que mantêm seu poder de compra.
2. Instabilidade política e fiscal: Aversão ao risco afasta investimentos
A instabilidade política e fiscal é um veneno para qualquer economia e um grande catalisador da desvalorização cambial. Incertezas sobre o futuro político do país, disputas institucionais, mudanças bruscas nas políticas econômicas ou a falta de clareza sobre a gestão das contas públicas (gastos excessivos, aumento da dívida pública) criam um cenário de grande imprevisibilidade.
Investidores, tanto nacionais quanto internacionais, são avessos ao risco. Diante de um ambiente instável, a tendência é que eles retirem seus capitais do país em busca de mercados mais seguros e previsíveis. Essa fuga de capitais se traduz em uma maior demanda por dólares para converter os reais e tirá-los do Brasil. A lógica é simples: se o futuro do país é incerto, o risco de perder dinheiro aumenta, e a melhor estratégia para proteger o capital é transferi-lo para um local mais seguro, mesmo que isso signifique abrir mão de potenciais retornos no curto prazo.
3. Diferencial de juros: A atração dos maiores retornos
A política monetária desempenha um papel crucial na determinação do valor de uma moeda, e o diferencial de juros é um fator determinante. Se as taxas de juros no Brasil estão mais baixas em comparação com outros países, especialmente economias desenvolvidas como os Estados Unidos, isso pode desestimular o investimento estrangeiro.
Investidores buscam os melhores retornos ajustados ao risco. Se os títulos do tesouro americano, por exemplo, oferecem uma rentabilidade mais atraente do que os títulos brasileiros, os investidores tendem a tirar seu dinheiro do Brasil para aplicar nos EUA. Esse movimento de capital ("hot money") gera uma maior demanda por dólares (para converter o real e investir lá fora) e uma menor demanda por reais, resultando em sua desvalorização. Por outro lado, se as taxas de juros no Brasil estão elevadas, isso pode atrair o capital estrangeiro em busca de maiores rendimentos, o que, em tese, valorizaria o real.
4. Dependência de commodities e choques externos: A vulnerabilidade do comércio
A dependência de commodities (matérias-primas como minério de ferro, soja, petróleo) é uma característica marcante da economia brasileira, mas também uma fonte de vulnerabilidade cambial. O Brasil é um grande exportador de commodities, e a entrada de dólares na economia está diretamente ligada aos preços internacionais desses produtos.
Quando os preços das commodities que o Brasil exporta caem no mercado global, a quantidade de dólares que entra no país diminui. Essa menor oferta de moeda estrangeira no mercado interno, somada à demanda constante por dólares para importações e outras transações, pressiona a cotação da moeda americana para cima e, consequentemente, desvaloriza o real. Da mesma forma, choques externos, como crises financeiras globais ou recessões em grandes economias, podem afetar a demanda por produtos brasileiros e o fluxo de capital, impactando diretamente o câmbio.
O impacto no seu dia a dia: Onde a desvalorização do real realmente dói
A desvalorização do real não é um conceito abstrato restrito ao universo financeiro; ela tem um impacto direto e tangível na vida de cada brasileiro. Quando o real está fraco, diversos aspectos do nosso consumo e custo de vida são afetados:
Produtos importados ficam mais caros: Desde eletrônicos e automóveis até artigos de luxo e certos alimentos, qualquer produto que tenha componentes ou seja integralmente importado terá seu preço elevado no mercado interno.
Viagens internacionais encarecem: Quem sonha em viajar para o exterior sente o impacto na ponta do lápis. Passagens aéreas, hospedagem e gastos com alimentação e lazer em outros países ficam significativamente mais caros, pois o real compra menos moeda estrangeira.
Combustíveis com preço salgado: O Brasil importa parte do petróleo que consome, e o preço do barril é cotado em dólar. Com a desvalorização do real, o custo de importação do petróleo aumenta, impactando diretamente o preço da gasolina, diesel e gás de cozinha nas bombas e nas residências.
Inflação generalizada: Embora a inflação seja uma das causas da desvalorização, ela também é uma consequência. Produtos cujos insumos são dolarizados, como fertilizantes para a agricultura ou componentes para a indústria, repassam esse custo para o consumidor final, contribuindo para o aumento geral dos preços.
Entendendo para agir: O poder da informação
A dinâmica da desvalorização do real é complexa e multifacetada, envolvendo política, economia interna, cenário internacional, juros e inflação. Não é um evento isolado, mas sim o resultado de uma interação constante de forças.
Compreender esses mecanismos é um passo fundamental para tomar decisões mais conscientes, tanto no consumo quanto nos investimentos. Ao estar ciente dos fatores que influenciam a cotação do dólar, você pode planejar melhor suas finanças, seja para uma futura viagem, para a compra de bens duráveis ou para a diversificação de seus investimentos. O conhecimento é a melhor ferramenta para navegar em um cenário econômico em constante mudança e proteger seu poder de compra.

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